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50 ANOS DE MÚSICA LUIZ CARLOS BORGES
ESTAÇÃO FILMES - NÚCLEO DE ESPECIAIS |
Após haver recebido premiação com a milonga Tropa de Osso na 9ª Califórnia em Uruguaiana, de volta a Santa Maria meu parceiro Humberto Gabbi Zanatta apresentou-me ao pintor Eduardo Trevisan. A visita que lhe fiz era com a clara intenção de que ele projetasse meu rosto em desenho, para que fosse usado em uma capa de disco (LP) que gravaria em seguida e que levaria o nome da premiada Tropa de Osso.
Tudo acertado passei a frequentar seu atelier, quase que diariamente, durante algumas semanas. Me colocava sentado, às vezes de frente, às vezes de perfil e enquanto ouvia muitos causos (de sua voz rouca pela idade, pelo cigarro, wisky e outras intempéries da vida), via o velho Eduardo descobrindo as linhas da minha geografia facial e registrá-las na branca folha de papel atrelada ao cavalete. Vários estudos foram feitos até chegarmos na encomenda: uma capa de disco.
Eu cursava música na Faculdade de Artes e Letras (Belas Artes, na UFSM) e acabei, nesse meio de tempo, descobrindo que era colega e já amigo do filho do pintor, o jovem Flamarion Trevisan que, também como eu, havia saído “igualzito ao pai”: eu músico, ele desenhista e pintor.
Passados mais de 20 anos, o Flamarion me procurou para uma mostra de seu trabalho em Porto Alegre e como, na época, eu era sócio de um espaço gastronômico/cultural, fiz parceria com ele e realizamos a exposição de seus quadros no próprio restaurante Vitrine Gaúcha. Ganhei de presente do amigo pintor uma tela enorme onde um palhaço levita sobre duas cadeiras (uma maravilha) e, o que me “rapou os trocos” e emocionou demais foi um rolinho com duas folhas amarelecidas contendo dois estudos de meu rosto, com detalhes do queixo, dos olhos e sobrancelhas e que ele entregou-me dizendo ser uma recordação do Eduardo seu pai, para que eu pegasse e desse algum rumo. Imediatamente, mandei emoldurar e pendurei na parede da sala do apartamento, ao lado de uma foto de meu pai.
Agora, ao preparar material promocional para meus “50 ANOS DE MÚSICA”, procurei entre centenas de fotos antigas, de meia idade ou atuais, uma que tivesse a ver com a longa caminhada e, sinceramente, só no traço de Eduardo Trevisan é que encontrei o verdadeiro Borges que andava distante. Não tive nenhuma dúvida. Peguei um dos quadros e levei para mostrar ao amigo e cineasta Renê Goya Filho (responsável pela ESTAÇÃO Filmes e, portanto, pela captação do vídeo do projeto) que concordou, imediatamente, que estava no quadro, a imagem que buscávamos para “logotipar” o evento. O próprio Renê fotografou o quadro e com sua equipe criou a marca LUIZ CARLOS BORGES “50 ANOS DE MÚSICA”.
Finalizando, o mais curioso disso tudo é que quando conheci o Eduardo Trevisan, ele quase não via mais nada. Deveria ter não mais que 10% de visão e por isso, quando não via determinada linha do rosto, pedia licença e passava, demoradamente, os dedos na minha orelha, por exemplo, e entre um comentário e outro, o traço andava e a imagem ia surgindo.
Eduardo Trevisan, um pintor como poucos! Que Deus o tenha.
Por: Luiz Carlos Borges
